15/04/2010

Para José

Alguns povos “comemoram” a morte. Eu não vou comemorar nada. Mas a morte é coisa que se aprenda a conviver. Já se passaram quatro anos e ninguém diz. A dor é cada vez menos sofrida. É dor, e só. Vamos ver do seguinte ponto de vista: meu pai está aqui. É. Gosto de falar dele no presente. Não no futuro do pretérito. Porque o corpo já apodreceu e hoje, provavelmente, só existam ossos dentro daquele retângulo de cimento. Mas meu pai está vivo nos corações e mentes daqueles que verdadeiramente o amam. Uma mãe que perde o filho sabe que ela nunca deixará de ser mãe, logo nunca deixará de ter um filho. Falar de meu pai no passado é me excluir como filha. E eu tenho pai e mãe, embora o senhor que conste na minha certidão há muito tenha morrido.

Tem sido difícil fazer o Augusto entender que embora ele tenha uma mãe e um pai, avós e tios ele tem um monte. Daí ele só chama um de tio, um de vô... Isso é para exemplificar que as coisas não deixam de existir simplesmente porque não as vemos. Um tio não deixa de ser tio porque meu filho não sabe definir essa relação ainda.

Falando nisso, quanta vontade que meu pai conhecesse o Augusto. Sinto que ele realmente se orgulharia de mim por um feito tão maravilhoso. Primeiro – claro – ele iria me chamar de irresponsável, mas depois faria carinho na minha barriga e ensinaria meu filho – seu neto – a comer “pão com topete” (com um “topete” de manteiga) e pão de queijo. Ah, tenho certeza que ele conhece meu filho e se orgulha. Se não, tudo que eu disse até aqui se anularia. E a presença de meu pai é algo que REALMENTE não dá pra anular. Te amo, coroa.

2 comentários:

Gabriela disse...

Que lindo, juro que até me emocionei.
Todos da sua família devem se orgulhar do seu feito, você colocou mais uma criança fofa no mundo!

Fiquei feliz que você voltou ao blog, não suma novamente! haha

beijão Ane

Gina Tônica disse...

Cara, super lindo, até eu que nunca tive uma “relação” com meu pai (um fascista alcoólatra problemático), tive vontade de ter um pai como o seu, mesmo que ele já tenha ido, marcou a passagem por aqui, a vida é isso... momentos e passagens.
Adoro as coisas “vomitadas” que vc escreve, sempre são tão viscerais...
Continue, continue, continueeeeeee!!!!!

Muú