Sinceramente já não sei se a leitura incessante de Clarice Lispector tem me feito bem ou mal: estou dolorida, de uma dor chata e constante. Além de tudo Vinícius me trouxe a última entrevista dessa deusa, gravada em DVD. Na entrevista ela atribui sua tristeza ao cansaço, e talvez seja isso mesmo: toda tristeza é uma forma de cansaço e vice-versa, e versa-vice.
Ontem entrei no banheiro e fiz de novo. Chorei muito e sem saber apresentar motivo cabal. Eu tenho tido muita raiva do mundo, de todo ele. E tenho tido muito medo de mim.
Eu tenho um segredo que não quero mais guardar. Eu tenho ódio das pessoas. Às vezes, até daquelas que amo muito. Quando isso me acontece tenho vontade de bater, fisicamente mesmo. (É a minha vontade de descer a Rio Branco batendo em todo mundo!!!) E para não machucar as pessoas me auto flagelo: vomitando, me batendo na cara, me cortando. Fiz isso ontem. Fiz para não fazer com outras pessoas.
Imagino que um dia isso vá ficar muito mais sério, e nesse dia a única saída será me auto flagelar definitivamente. Não estou dizendo isso para obter pena, até porque eu odeio o sentimento de pena. Digo porque é a verdade.
Estou farta de me dizerem que escrevo bem, que sou inteligente, que terei um grande futuro. Crêem em mim, e entretanto não me deixam dizer em que creio. Estou farta.
Ora, quem eu quero enganar?
Meu maior ódio é o ódio que tenho contra mim mesma! Já não me suporto e não tenho objetivos. Estou morta por dentro. E não me digam “não fique assim”, pois é assim que quero ser... não sendo. E me auto flagelando.
Ontem entrei no banheiro e fiz de novo. Chorei muito e sem saber apresentar motivo cabal. Eu tenho tido muita raiva do mundo, de todo ele. E tenho tido muito medo de mim.
Eu tenho um segredo que não quero mais guardar. Eu tenho ódio das pessoas. Às vezes, até daquelas que amo muito. Quando isso me acontece tenho vontade de bater, fisicamente mesmo. (É a minha vontade de descer a Rio Branco batendo em todo mundo!!!) E para não machucar as pessoas me auto flagelo: vomitando, me batendo na cara, me cortando. Fiz isso ontem. Fiz para não fazer com outras pessoas.
Imagino que um dia isso vá ficar muito mais sério, e nesse dia a única saída será me auto flagelar definitivamente. Não estou dizendo isso para obter pena, até porque eu odeio o sentimento de pena. Digo porque é a verdade.
Estou farta de me dizerem que escrevo bem, que sou inteligente, que terei um grande futuro. Crêem em mim, e entretanto não me deixam dizer em que creio. Estou farta.
Ora, quem eu quero enganar?
Meu maior ódio é o ódio que tenho contra mim mesma! Já não me suporto e não tenho objetivos. Estou morta por dentro. E não me digam “não fique assim”, pois é assim que quero ser... não sendo. E me auto flagelando.
4 comentários:
A Ana mostrou-me agora este teu depoimento, escrito já depois de nos termos encontrado hoje no MSN.
Ao lê-lo, lembrei-me de algo que ela escreveu:
o problema da minha ansiedade
é só sair pra dentro
No final, dizes também uma frase importante, de facto:
Crêem em mim, e entretanto não me deixam dizer em que creio.
So... what do you believe, really?! Do you believe in yourself, the most important belief of all?!
Anelise, podemos não ser inteiramente sinceros para com os outros, mesmo aqueles que mais amamos, mas é importante não escondermos a verdade de nós mesmos.
Apenas te conheço através da intermediação desta rede virtual de afectos, mas sinto como muito positiva esta confissão da tua Alma, que aqui se declara honestamente a todos os que te lerem.
Só há ódio onde existe amor, e o contrário deste é a indiferença. Logo, se tens essa capacidade de te enraiveceres ou indignares perante os outros, isso é bom. Bem, mas é preciso talvez ter algum cuidado ou prudência com a forma como esse "ódio" se manifesta para com terceiros...
Still... I would say that it is better to hate others than your own Self. Que Eu é esse que sentes morto e sem objectivos? Que parte de ti é que não quer ser?
Ah... sorry! Pois é, eu pergunto sempre e há questões incómodas, eu sei... So you're right about me, see?!
Ane, linda Ane... quem TE ama deveras, quem aceita o que TU ÉS?! Procura essa companhia, ainda que seja um sonho ou fantasia...
Aliás, disseste-me algo muito doce quanto te contei essa história do "fake" de Lana... recordas? I do... I always do!!!
Porque o real não é aquilo que se toca ou vê, é aquilo que se vive.
So... do Live and Feel...
Rui leprechaun
(...love or hate?... that is Real! :))
Bom..prometi a mim mesmo não escrever por um tempo, mas decidi comentar o seu texto. E isso que sinto não é pena, é consideração. Tenho consideração com as pessoas que sabem viver a angústia e que ainda não têm controle sobre ela. Isso ocorre porque vivemos numa sociedade de alegrias onde o erro humano nunca é permitido. Digo-lhe tudo isso, porque sei o peso de ter personalidade no nosso cotidiano. A única coisa, no entanto, que me irritou em seu texto, foi essa ânsia em guardar o peso consigo...Apenas tente demonstrar o seu sentimento de uma outra forma e não tenha vergonha de parecer cruel à frente dos outros. Afinal, o bem ou o mau são conceitos criados por essa sociedade que insiste em nos enquadrar sempre. Com isso, não estou dizendo para que bata em ninguém ou faça qualquer loucura para se libertar. Estou dizendo para que não desista de ser você. E pareceu-me isso quando proclamou a própria morte em um trecho. Morra "simbolicamente" para aqueles que não merecem a sua vida. Afinal, sempre existe alguém que nos ama de verdade. Talvez, você esteja se fechando para o mundo que não quer te ouvir. Ora..sempre alguém vai te ler ou ouvir. E quando estiver irritada com alguém , fale para a pessoa. Se essa se afastar é porque ela não gostava de você. Porque quem gosta mesmo, procura saber o porquê do sofrimento de quem ama. E olha que digo isso sem nem te conhecer...Mas temos idéias semelhantes e podíamos ser amigos se morassemos perto um do outro. É a velha história dos semelhantes se conhecerem...
É..um abraço e espero que traga pra si o lixo do mundo e sim, recicle-o com a vida. Afinal, "tristeza não tem fim, felicidade sim..."
Também leio Clarice... no espelho doutra Alice! :)
De "A paixão segundo G.H." este fantástico excerto:
Entendi então que, de qualquer modo, viver é uma grande bondade para com os outros. Basta viver, e por si mesmo isto resulta na grande bondade. Quem vive totalmente está vivendo para os outros, quem vive a própria largueza está fazendo uma dádiva, mesmo que sua vida se passe dentro da incomunicabilidade de uma cela. Viver é dádiva tão grande que milhares de pessoas se beneficiam com cada vida vivida.
E "Do céu caiu uma estrela"...
Rui leprechaun
(...para mim, estou já a vê-la! :))
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