,me permiti começar essa postagem com uma vírgula. No meio de uma aula de Português, da faculdade, a professora diz que não se começa uma frase com vírgula. Logo, arranquei uma livro da bolsa e disse: "Começa sim!". E mostrei o livro Uma Aprendizagem ou Livro do Prazeres, da Clarice Lispector. Eu entendo que Lispector usou da liberdade poética, e que se essa chatice não existisse Clarice poderia ter usado a vírgula no início, meio e fim. Clarice pode tudo. Chorei, copiosamente, nas primeiras 26 páginas do romance. Lóri era tão eu, Ulisses era tão ele. Fiquei até de madrugada lendo o livro, pra chegar em um final que não tem final. O livro começa com uma vírgula e termina com dois pontos. Depois de ouvi-lo gritar "eu te amo" com tamanha veemência e ler um livro que não tem final, me assustei. Mas Clarice pega nas nossas mãos e as afaga e pede calma. Ela nos faz delirar e pede calma. Morde e assopra. Eu, deitada em minha cama, entortava os dedos dos pés; era obrigada a parar sempre para respirar. Dava longos suspiros. Lia mais um pouco. Parava. Chorava. Achava Lóri e Ulisses as pessoas mais fodas dos mundo literário. "Lóri, Lóri, você é do caralho, moça". "Ulisses, seu bom filho da puta". Mas os dois se consubstanciavam: Clarice Lispector. Livro encerrado: eu me sentindo uma completa idiota: não era/não sou Clarice. Nunca serei. Corri a Biblioteca, na pratileira "Romance Brasileiro" e peguei A Paixão Segundo G.H., cheguei jogando a bolsa para um lado, tênis para o outro. Caí no chão com o livro e comecei a degusta-lo: susto. Mais um não-personagem de Clarice; mais existencialismo; baratas e coisas afins. Mais eu na minha própria cara... e sem me ver! Como diria o Luís "diálogo são dois monólogos". Não sei se foi assim que ele disse, mas ele disse algumas coisa assim, que provavelmente eu trasmutei para o que melhor me coube. Mas eram sim, dois monólogos: o meu, e o meu comigo. Parei no primeiro capítulo porque:
4 comentários:
luiz diz coisas.
todos luíses dizem coisas. até os mudos, dizem por gestos. até os tetraplégicos mudos, dizem com olhares (um pedido de eutanásia?!)
até o luiz com s.
e é bem capaz que o luiz com s nem se lembra mais do que disse
o luís com z, precisa esquecer o que dizze, não acha?!
e aquele livro, aquele outro que era melhor que esse agora. disse alguma coisa. vc se lembra?
luíses, ulisses. disses. tu diçezte algo? que quebraz-te tu, antalgia
vidalgia
luzes luíses luízes
(in)felizes
nós ana e ane
as últimas letras se diferem
eles também.
e as vidas diferentes,
também.
lóri,lóri é doce.e se entrega,e pede misericórdia,
não resiste
ulisses.
ulisses não gosta de falar ao telefone.
espero que um dia nossos destinos se encontrem,em felicidades além das letras.
(aimëldëls)
Copiosamente? Então é chuva de verão... enxurrada de monção!!!
Hummm... pois esse Livro dos Prazeres convém-me... preciso de mais saberes... não me faltem é os quereres...
Mas enfim, co'a outra Ana - 2 Anas, 2 Luís! - lá vou aprendendo logo... o bê-a-bá de raiz... ;)
Um... I've noticed you're around
I find you very attractive
I've noticed you're around
Um... I find you very attractive
Um... would you go to bed with me?
OK... parvoíces e gnomices à parte... nunca serás Clarice... porque ÉS Ana... Anelise!!!
Mas se ler é viajar na Alma de alguém...
Rui leprechaun
(...TU ÉS ela!... de TI essa Luz provém!!! :))
Nice blog. Thats all.
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