05/04/2007

a burocratização do amor

Nascemos, crescemos, nos multiplicamos e morremos... Mas dentro deste grandessíssimo ciclo esquecemos de incutir o fator mais importante para que ele próprio exista: a vida. (Deixando a discussão sartreana de lado). Passamos por ela como quem passa por uma grande avenida e não tem tempo suficiente para observar todos à volta. A vida é um bem, um dom - é bom enfatizar que isso nada tem a ver com Deus - é a atividade substancial, por meio da qual atua o ser. Meu amigo, querendo ou não você vai passar por ela (o que é um tanto quanto óbvio, já que você está lendo este texto), mas independente disso, o ponto em que quero chegar é o seguinte: a fatal burocratização do amor.

Desde que o mundo é mundo criamos regrinhas para melhor convivermos em grupo, o que chamamos valores (que até são úteis, já que sem eles tudo tende a barbárie), mas o fato é que essas regras acabam criando um excesso de formalidades. Vivemos (ou melhor, passamos) lobotomizados. Tendemos a acreditar que é vida, mas simplesmente estamos sobrevivendo. Objetivamos coisas tão pequenas, mesquinhas, como: a busca incessante por dinheiro, a melhor qualificação profissional, contatos importantes... Não que tudo isso não tenha seu apreço, são coisas importantes (ainda mais nesse mundo capitalista em que vivemos), mas não são essências, são coisas que sem as quais podemos viver!

Particularmente prefiro as coisas que transcendem (e até acredito que possivelmente seja esse o sentido da vida). Então gosto de uma boa leitura, momentos com meus amigos, lápis e papel se consubstanciando. Enquanto o tempo passa, ficamos sentados, vivendo encharcados de um pseudomoralismo. Fazemos tudo pela metade, sem objetividade, ponderando a qualidade e querendo quantidade.

Tendemos, certas vezes, a dizer que algo é subjetivo para fugir de determinados assuntos. Tudo na tentativa de fugir da fatídica discussão. Mas sim, a subjetividade existe, e o fator "Deus" está aí para nos comprovar. Os dicionários podem nos impor que amor é o sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo, mas o certo é que AMOR não é algo burocratizável, não é algo dizível! Amor é reciprocidade, mas reciprocidade não é equivalência. Amor é lealdade, mas lealdade não é fidelidade. (Minha visão!) As convicções são cárceres! O que eu digo ser amor pra mim é completamente diferente do que você julga ser amor, e é isso que acontece quando estamos junto a uma determinada pessoa que dizemos amar. Amamos diferente um do outro, amor não é axiomático, não tem definição prévia. Vejo o amor com os olhos da subjetividade (e talvez pelo fato de ser míope não consiga defini-lo), ou talvez não o consiga porque o amor não pode ser definido (creio que esta passagem é repetitiva). Então se amor é subjetivo não pode ser definido, e o que não é definido não poderá, em tempo algum ser burocratizado. Pois bem, chegamos assim a um silogismo.

Estou farta de escutar as pessoas dizendo: eu não acredito no amor. Eu também, por tempos, não acreditei, e tudo isso se deve ao fato de que alguém, um dia, tentou burocratizar um dos sentimentos mais belos! Tende-se a familiarizar tudo o que é falho com tudo que é burocratizado, então quando temos alguma decepção amorosa simplesmente paramos de acreditar no amor. Paramos como quem pára um carro. Amor é belo e transcende a qualquer possibilidade de explicação!

4 comentários:

Anônimo disse...

Uáu!!! Texto belíssimo, ó Alma linda... linda... LINDA!!! :)

Vá lá... não digas "lisonjeada"... Gnomito não vale nada! ;)

Mas Tu sim!... tudo conténs em Tua Alma... parabéns!!!

Sabes, Anelise terníssima, em acredito na Vida e no Amor... meu Deus em seu esplendor!

Há dentro algo de tão Belo e é sempre possível vê-lo! No silêncio natural, sente-se algo de imortal, no fundo do nosso Ser... ó como é tão bom viver!!!

Haja dor e até sofrer... alegria ou prazer... tudo que a Vida nos der... é sempre de enaltecer!

Aproveita os verdes anos... mesmo que tragam enganos... que Amor sempre TE espreita... e há uma Vida Perfeita!!!


Te diz este "burrocrático"...

Rui leprechaun

(...Gnomito sempre asnático! :))

J C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
J C disse...

Belo amor.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Muú