Ecoando no CEP20000: Diário de Bordo

Dia 25/05 – Manhã

Entro no MSN e imploro ajuda a Larissa: estou nervosa. Nunca fui ao CEP, muito menos ao Rio. Preciso me acalmar! Pergunto a ela que horas chegará ao lugar determinado para nossa partida. (Marcamos 14h, mas Larissa tem certeza que foi às 14:30h)

Dia 25/05 – Hora do Almoço

Entro na internet pela última vez antes de ir esperar pela van. Pedro enviou um e-mail perguntando o que ele deveria fazer com seu equipamento de som. Mais tarde vou descobrir que eu sou a única que li o recado.

Dia 25/05 – 13:30

Como tinha certeza que havia marcado às 14h eu saio de casa mais cedo. Passo no Bahamas e compro dois biscoitos. Mais tarde iria me arrepender por só ter comprado biscoitos doces.

Dia 25/05 – 14h

Chego ao MAM. Larissa, Laura, Rattes e Capilé já chegaram. Aviso que o Pedro quer saber se ele deve trazer os equipamentos ou se vamos pegá-lo. Rattes liga pra ele avisando que vamos passar na casa dele. Mirabel. Thaís e Fernanda (irmã do Mirabel) chegam de táxi trazendo nossas mercadorias para a banquinha. Larissa conversa com alguém pelo telefone. Esse alguém quer o número de nossas identidades. Quando as tiramos das carteiras começamos a debater acerca das fotos. Resolvemos sair da rua do Mezcla e ir para Santo Antônio.

Dia 25/05 – 15h

Larissa liga pro motorista. Nada dele, nem da van. Encontramos o Xurume e a Thaís começa a fotografar e gravar. Os papos poéticos começam. E a pressão sobre a Larissa também. (cordei, kd van)

Dia 25/05 – 16h

Depois de muitas ligações Mirabel, Thaís e Fernanda vão fazer uma boquinha e encontram Marcelo, o motorista. A caminho da van encontramos Anderson. Logo achamos que ele iria conosco, mas a esperança se acabou, havia sido apenas um encontro casual. Vamos sair atrasados. Entramos na van e Marcelo recebe um telefonema: merda na linha Vermelha. Eu estava tranqüila, nunca havia ido ao Rio, tudo era festa. O motorista nos informa que a van possui TV com DVD. Ligamos para o Pedro e pedimos para ele separar alguns. Chegamos à casa do Pedro e ele me entrega 4 DVD’s, um deles é “Cães de Aluguel”, nosso escolhido para a viagem.

Dia 25/05 – Entre 17h e 19h

Durante a viagem debatemos poesia, um pouco do filme, mais poesia, rimos, surgiram muitas teorias de que não conseguiríamos chegar a tempo. Pedro me informa que iríamos passar por Pedro do Rio – me animo: mais uma cidade para conhecer. Passamos por 1 ou 2 pedágios, pela fábrica da Itaipava – Larissa e eu pedimos pra parar –, pelo Bramil, por um rio de pedrinhas, por Petrópolis. Paramos em algum lugar que não sei o nome. Comi um dos biscoitos doces (pressinto o vômito). Já sinto frio e pela primeira vez coloco a blusa que minha mãe me deu, especialmente para a viagem. Laura, Larissa e eu vamos ao banheiro. Rimos. Vamos até o balcão: uma coxa de galinha com massa de coxinha em volta. Isso abala nossas vidas: todos repararam na coxa. Os balconistas esperam a gente pedir. Vamos embora sem pedir nada. Um senhor meio maluco fala comigo, eu digo: “gente, essa é deixa pra irmos embora”. Pedro come Skines (não sei se escreve assim). Esse biscoito é o que o Fandangos deveria ser.

Dia 25/05 – Entre 19h e 20:15h

Toda luz que vejo eu acho que é o Rio de Janeiro. Começo a fotografar tudo. Câmera de bosta! Chegamos a uma avenida, mas ainda não é a linha Vermelha. Pra todos os efeitos prometo pra mim mesma que direi a todos que eu conheci Petrópolis, Rio, Duque de Caxias e Pedro do Rio. Já se foram os 3 pedágios. Linha Vermelha. Um caminhão na nossa frente diz “Just in Time”. Rio por dentro dessa piada. Laura liga pra Lucas. Rattes liga pra Lucas. Lucas faz ioga. Lucas diz: “vai dar tudo certo”. Confiamos. Chegamos ao Rio à noite, mas eu queria ver a praia. Marcelo, o motorista, me explica tudo sobre o Rio. Mostra-me a Favela da Maré com uma barragem em volta e faz uma piada relacionando o nome da favela ao mau cheiro. Vamos a Glória deixar as coisas do Capilé. Achei curioso o caminho até chegar a casa dele. Chegamos a Glória. Enquanto Pedro ajuda Capilé com a bagagem nós saímos da van pra respirar. Falamos sobre viagens internacionais. Larissa se entristece, pois não vai pra lugar algum. Capilé agora vai ao banco da frente pra guiar o motorista, mas Capilé também não sabe o caminho. Perguntamos para as pessoas no trânsito como chegar a Rua Humaitá. Chegamos. Luisa e Lucas estão na frente do Teatro Sérgio Porto. Ainda temos 15 minutos até tudo começar.

Dia 25/05 – 21h

Está tudo atrasado! Fomos bem recebidos! Tenho medo do Chacal. Ele parece um professor bravo. Montamos nossa banquinha. Ariene, minha amiga, e Flora, sua mãe, chegam. Penso: “Fudeu tudo! Como vou ler bucetice com a Tia Flora aqui?”. Vai começar! Sento-me ao lado do Rattes, logo Ariene se aproxima. O tempo passa. As pessoas se apresentam. Somos os próximos. Vamos ler e eu olho para o chão com vergonha da Tia Flora. Aplausos. Gritos. As pessoas gostam de nós. Pedro nos empolga e empolga a galera. Está tudo lindo! Não somos farofeiros. Tia Flora vem até mim e diz que adorou!

Dia 25/05 – 22:30h

Fizemos nosso trabalho: vou beber! Laura me chama: Gregório Duvivier vai ler. Derretemos-nos! Tudo acaba! As pessoas vêm falar com a gente e nos elogiam. Ana Beatriz me pede pra ler para as pessoas que chegaram atrasadas. Me comparam a Glauco Mattoso. Rattes acha isso ruim. Estou perdida. Vou ao postinho beber: acabou a cerveja do Sérgio Porto. Ismar Tirelli Neto vem falar comigo. Me pergunta como tenho coragem de ler bucetice. Ele não tem. Ele é meio louco, mas é legal. “Gostei desse cara”, penso. Chacal vem falar comigo, com a Laura e a Larissa. Nos elogia. Já somos quase cariocas. Capilé chama Gregório pra ser nosso amigo. Ele aceita. Agora Laura, Larissa e eu somos AS MELHORES AMIGAS DE GREGÓRIO DUVIVIER. Gregório fala comigo. Olha nos meus olhos. Molhei-me! Apresenta-nos sua namorada. Além de um doce ela o incentiva a ir pra Juiz de Fora, ler no ECO. Por dentro grito “vaaaai”. Ele nos dá seu e-mail. “Ah meu Deus, tenho o e-mail do Gregório”. Marcelo nos apressa!

Dia 26/05 – 00h

Saímos do Rio. Queria ficar lá... Mas estou entre amigos! Falamos muito. Paramos na CONCER. Eles dão expresso. Bebo além do que queria simplesmente porque era de graça. Sou farofeira! Vou ao banheiro DUAS vezes antes de sair. Tudo silencia.

Dia 26/05 – 03h

Durmo. Acordo. Já estamos em frente ao Blitz. Juiz de Fora. Frio. Marcelo nos deixa na Praça de São Mateus. Larissa, Laura e eu pegamos um táxi. Chego em casa. Meu marido acorda. Conto tudo isso a ele. Durmo como um anjo que falou muito putaria e conheceu o Rio de Janeiro.