25/05/2007

feminismo não é sexismo

Vou começar do início: há três dias...

...Em uma das minhas visitas semanais a biblioteca municipal “Dr. Manoel Delgado Motta” - que diga-se de passagem, possui um magote muito bom – acabei indo de encontro (literalmente, dei de cara mesmo) com uma mocinha “acidentada”. Na contra face de seu livro ela citava outra mocinha “bem comportada”: Simone de Beauvoir.

A princípio o que mais me chamou atenção foi a belíssima capa do livro; vixe Maria, de uma sensibilidade feminina mesmo, (mas foi um homem que a reproduziu)! A capa: uma mulher, militando, amamentando... tudo na mesma foto, na mesma pessoa. O livro: Na Luta (Sem Pedir Licença). A autora: Eliane Maciel (que desde o momento em que decidi que aquele seria o livro locado da semana se tornou minha amiga mais íntima). E como um de meus processos literários do momento era justamente Simone de Beauvoir, com suas “Memórias de Uma Menina Bem Comportada”, corroborou e muito para a escolha desse livro.

Porra! Tratando-se de leitura (da leitura “especial” da semana, digo) sou muito metódica: antes os clássicos – os mais conhecidos na realidade. E com Nietzsche e Bukowski em casa, por ler, eu estava levando mais um livro (de uma autora até então desconhecida). Devo dizer que a apresentação do livro, feita por Ignácio de Loyola Brandão, muito me impressionou... Logo no primeiro capítulo do livro, naquele misto de prosa e poesia, não me contive e soltei um “caralho”! Pois é, a menina (hoje com mais de quarenta anos) era, e é, boa! (Foi bom quebrar a cara!) Narrando sua vinda para Juiz de Fora eu imaginava por quais ruas teria ela passado? Seriam as mesmas por onde ando, andei? Putz estava tudo muito próximo de mim, e isso me fazia amar mais ainda o livro (materializado), a história, a mulher, a militante, a mãe... Livro em prosa, mas era poesia saindo dos poros, a cada fragmento um soco no estômago, era constante. A minha vontade era grita “te amo, guria”, e assim o fiz!

Mas tudo isso era apenas uma introdução! Como Eliane diz: o bom leitor “traça” em duas horas. Entretanto eu tô com o Loyola: demorei um pouco mais. Então levei o livro para a loja onde trabalho, afinal, há de se matar o tempo enquanto só o frio e eu habitamos a loja. Toda entusiasmada mostrei o livro a um amigo que me visitava (sim, recebo visitas no trabalho), dizendo: olha essa capa, que coisa mais linda. “Linda mesmo!” “Imagine você que nessa época ela tinha 22 anos, 3 filhos, “fugiu” com um cara quando tinha 15 anos e é militante das causas feministas!”. Mas meu amigo fez questão de cerrar o papo, dizendo:
não agüento isso, feminista e com três filhos?!

Como assim? Acaso uma feminista não pode ter filhos? Uma feminista tem sonhos, anseios e vontades, sim! Mas aí percebi que esse meu amigo está impregnado do sexismo!

O que vemos em alguns grupos que se dizem feministas é uma briga ferrenha entre os sexos: mulheres querendo que os homens paguem pelos anos de nossa submissão. Para tal não se deve casar, emprenhar, ou sequer amar. São mulheres que para lutar contra a sociedade dos “sacos escrotais” acabam se “tornando” homens.

Entender nossos limites é fundamental para que saibamos viver em comunhão. Homens são eventualmente mais fortes, nós sensíveis; mas não significa que homens não sejam poetas e mulheres não possam trabalhar em obras, por exemplo.

Nossa luta é outra! Temos compromisso social; lutamos contra os sexistas, sejam eles homens ou mulheres. Simone de Beauvoir escrevia cartas declarativas a seu amado Sartre. Que mal há nisso? Não ter vergonha de seus sentimentos é lindo! Isso não é submissão! Amor não é submissão. Como uma amiga minha: carrego em mim as dores de todas as mulheres! Simones, Elianes, Anelises, une-vos!

4 comentários:

Rui leprechaun disse...

Visita semanais às revistas e jornais?!

Isso é que gostas de ler, p'ra tudo bem perceber... Ora eu como não leio, aqui fico parvo e feio! Mas tu, linda e feminista, co' o Amor tudo conquistas! :)

Até um Gnomito assim...

Rui leprechaun

(...sem juízo nem pilim!!! :))

Rui leprechaun disse...

Olha... e o manifesto cultural... que vai sair no jornal?! ;)

Pensava que estava aqui... venho cá e não o vi! :)

Espera! Vou então deixar-te essa história da tradição sufi, acerca da primeira e mais fundamental revolução... a do teu lindo Coração!!! :D

Como mudar o mundo

Eis o que conta, de si mesmo, o Sufi Bayazid:

Na juventude eu era um revolucionário e assim rezava: "Dai-me energia, ó Deus, para mudar o mundo!"

Mas, notei, ao chegar à meia-idade, que metade da vida já passara sem que eu tivesse mudado homem algum.

Então, mudei minha oração, dizendo a Deus: "Dai-me a graça, Senhor, de transformar os que vivem comigo dia a dia, como minha família e meus amigos; com isso já ficarei satisfeito..."

Agora que sou velho e tenho os dias contados, percebo bem quanto fui tolo assim rezando.

Minha oração, agora, é apenas esta: "Dai-me a graça, Senhor, de mudar e conhecer a mim mesmo."

Se eu tivesse rezado assim, desde o princípio, não teria esbanjado minha vida.


Eis a história de TI...

Rui leprechaun

(...minha linda Analee! :))

MING THE MERCYLESS disse...

Oi migona,

pois é Simone de Beauvoir é uma figura incontornável do feminismo. Se gostas deves ler Le deuxième sexe. mas não te esqueças que a companheira de Sartre foi a mesma que assinou as leis anti-judias, antes da invasão da frança pelos alemães e que o fez, como mais tarde veio a reconhecer, não por convicção própria, mas por Sartre o ter feito. Coerência de merda...
beijão
Ricardo (also know as Willie the Pimp)

Anônimo disse...

Ive read this topic for some blogs. But I think this is more informative.

Muú