AMOR:
Apaixonei-me este ano, mas durou pouco como toda paixão que não é levada a sério. Não virou amor. Não fui levada tão a sério assim. Amor é reciprocidade/lealdade, isso nem de longe aconteceu. Houve um amor fraternal muito forte, ainda há. Mais nada, além disso. Descobrir que não estava mais apaixonada foi melhor do que descobrir que estava apaixonada, infelizmente. Era uma relação que estava me machucando assaz. Eu queria me libertar daquilo, mas parecia que estar presa àquela situação era um tanto quanto mais prazeroso, ao ponto que eu tinha com o que me ocupar (sentimentalmente, coisa de louco mesmo). Como disse anteriormente aquilo tudo me machucava, e se machucava não podia ser algo saudável; não podia ser algo frutífero. (O ser humano e sua mania neurótico-capitalista de que tudo tem que dar frutos.)
Ele me diz que o ano de 2006 da vida dele foi meu. Mas infelizmente não posso crer que seja verossímil, afinal, se a recíproca não foi verdadeira esse ano não pode ter sido meu.
Felizmente o amor tem favos quentes, e pude prova-los este ano. Foi-me reservadas maravilhas, e eu descobri pessoas divinas. Pessoas essas que souberam chegar de mansinho e dizer “aqui é meu lugar”, e conquistaram mesmo um lugar cativo no meu coração. O meu mal é esperar reciprocidade. Mas não posso mudar, está intrínseco, eu acredito na força da reciprocidade; da lealdade. Para mim são traços fundamentais em um relacionamento. (Lealdade não quer dizer fidelidade). Uma em especial despertou meu lado mais poético.
Em minhas buscas oníricas por reciprocidade descobri que ela pode estar num momento. Como diz meu verso “amei-te com a reciprocidade dum momento”. O “foi bom enquanto durou”, ou “o seja eterno enquanto dure” é muito ruim, mas é algo que há de se aprender a conviver. O problema se dá quando um dos lados quer continuar a ser recíproco, mais uma vez a ferida.
Fui amada, (talvez ainda seja, sei lá), mas como uma voz sábia me disse certa vez: eu prefiro amar que ser amada. Afinal, quando amamos e não somos amados ainda podemos controlar nossos sentimentos, ou ao menos tentar. Mas quando somos amados e não amamos (meu caso neste caso, risos) aí sim fica difícil, pois não posso controlar os sentimentos de ninguém.
FAMÍLIA:
A família esteve bem mais desunida este ano, coisa absurda, pois afinal de contas os fatos tinham que nos levar a união, não a falta dela. Mas aprendi que se tratando de pessoas, distintas, não podemos exigir nenhuma obrigatoriedade.
Meu pai morreu, e eu aprendi muito com isso (por mais clichê que possa parecer). Até parece uma piada de humor negro, chega a ser até sadismo dizer que se aprende com a morte do pai, mas é a mais pura verdade. Eu aprendi como a força é bem mais importante que a saúde, como a superação é prima-irmã da força. Força é tudo meus caros, há de se ter força eternamente ou sucumbirás. Minha mãe me pergunta se eu já esqueci meu pai. Nunca. Tem como esquecer um pai? Não. (Sim, entendo que há controvérsias, mas no meu caso não, por mais brigas, intrigas, tapas que trocamos, eu o amo, isso é fato). Eu o amo sim, no presente. Não amo o corpo. Chorei pouco em seu velório porque o culto ao corpo é uma besteira, o que fica são as idéias. Idéias meus caros, idéias. Só me desesperei porque lembrei de tudo que vivemos, tudo que ficaria; sofri porque não teria mais suas idéias. Mantive a calma porque não podia esperar o mesmo de minha mãe, que via o marido morto no dia se seu aniversário, nem de meu irmão que segurou a barra por todo o tratamento. Posso garantir que a morte é algo que não me amedronta mais. Amedrontaria-me se eu não tivesse com quem compartilhar minhas idéias, meus versos, ensaios, textos, felicidade, amor e etc.
Não dou mais carinho pra quem acha que tem os maiores problemas do mundo, todo mundo tem problemas. É narcisismo às avessas (ou no mínimo ingenuidade) achar que os nossos são maiores que de alguém. Tenho problemas sentimentais, intelectuais (que palavra horrível), psicológicos, filosóficos, poéticos... Mas tem gente que nem tempo para ter esses problemas tem, pois passam fome, sede, frio...
AMIGOS:
Foi um ano bom para aprender a escutar ao invés de falar pelos cotovelos. Descobrir que tenho amigos de verdade mesmo. Recordo-me que no dia em que meu pai morreu, fui avisada na escola, e todas aquelas almas me acariciando, me dando força (viu?).
Devo abrir novo parágrafo para falar de uma alma boa (e que felizmente ou não ainda não descobri nenhum defeito): Léo. Se não fossem as mãos dele junto as minhas naquela noite de terça feira, eu não teria dormido. Leandro junto de mim, meu pai morto, e ele lá, me ajudando. Não há palavras para descreve-lo, eu já disse a ele que “Léo” devia ser adjetivo. Exemplo: Fulano é um Léo de pessoa, não é mesmo?. É claro que teve muita gente me dando força, e não estou os desmerecendo, só que a cena com Léo me marcou, não só pelo momento, mas por tudo que ele já fez por mim.
Descobri o lirismo da amizade; aprendi a recitar poemas com as mãos; vi o quanto pode ser prazeroso andar por Juiz de Fora, de mãos dadas, vendo Fotogênesis de minha xará no Espaço Cultural Bernardo Mascarenhas, ou beber uma boa taça de vinho tinto suave no Fórum da Cultura, até mesmo comer hambúrguer recitando Florbela Espanca. Ana Clara foi um anjo em minha vida. De quebra, e não menos importante veio a bela Isa, Isabela. Um anjo também, negro. A minha poeta soturna. Formamos o quarteto fantástico, ouso dizer que misturando Ana, Isa, Ariene e eu, formar-se-ia uma mulher perfeita. Felizmente somos quatro. E faltou falar da minha ruivinha, a minha neguinha. A mãe mais linda do universo. A amiga onipresente. Maravilhas que o CTU faz, vamos estudar e ainda encontramos um amor pra vida inteira, não é ótimo? Como deve ser difícil encarar uma gravidez com tão pouca idade. (Ah, falando nisso, o plural de “gravidez” é gravidezes, espetacular não é mesmo? Palavras terminadas em “ez” tem plural em “es”. Fantástico.) E eu estou aqui, ansiosa pra ver a cara do meu filho (sim, eu vou ser pai), com vontade de abraça-la. Felizmente o dia está próximo.
Amigos, dádivas.
ESCOLA:
Problemas. Resumindo. Todos os problemas me levaram a ter problemas na escola. Mas passei. Livre do ensino médio. Mas não do PISM.
Medo. Resumindo. Eu quero muito passar nessa tal de UFJF. Dizem que lá é um mundo a parte, onde há gente que canta, gente que dança, gente que freqüenta a Cantina do ICH e eventualmente assiste uma aula.
Menções honrosas para Walter Rossignolli, o Waltinho. Grande professor de português, amigo, até mesmo pai. Desejo-lhe força. (Ta, eu sei que ta um saco essa coisa de “força” e esses meus parênteses infinitos). Deviam fabricar mais Waltinhos, a gente comprava e criava um Walter em casa. Numa coleirinha de versos livres.
EU:
Finalmente chegamos na parte final (ufa!) e para meu deleite na melhor parte da história, EU. Afinal, viver sem mim é monótono. Eu me descobri, ou melhor, estou me descobrindo a cada dia até o ultimo dia de minha vida. Isso é ótimo.
Encarei-me como poeta. Descobri que versos podem ser feitos sem muita técnica, muita rima, muito lesco-lesco. Estive mais sensível, fazendo poesia com o corpo. Passei o ano descobrindo poesia nas ruas, na TV (sim, existe poesia na TV, mesmo que seja no invento), nas pessoas, nas formigas, na natureza, no chuchu com batatinha... Fiz odes imensuráveis, dei o lirismo que tinha e o que não tinha para dedicar poemas à pessoas especiais.
Percebi o quanto sou linda, e de uma inteligência poética fantástica. Sem narcisismos. Eu me amo e sou correspondida. Isso é importantíssimo. Há pessoa que não me merecem. Há pessoas que não merecem ler poesia. Há pessoa que não merecem ter poesias dedicas a elas. Descobri tardiamente. Fazer o que?
Eu quero um 2007 com muita força. Eu quero um 2007 na Federal. Fazendo o curso que eu quero. Estudando, lendo... Comprometendo-me cada vez mais com as causas sociais, da qual sou adepta há alguns anos. Acho que 19, mais ou menos. Visitando meus velhinhos no São Vicente de Paula. Aqueles velhinhos com olhos esperançosos, a espera da família que dificilmente vem. Os meus velhinhos de mãos lisas. Velhinhos quase que só abraços. Velhinhos que tem criado suas famílias com dificuldade (e foram deixados ali por elas, sem muitas dificuldades), e hoje tem medo de chuva.
Anelise gosta de dias chuvosos, lendo um bom livro.
Anelise odeia dias de sol, transpirando.
Como? O homem é apenas um erro de deus? Ou deus apenas um erro do homem? (Nietzsche)
Apaixonei-me este ano, mas durou pouco como toda paixão que não é levada a sério. Não virou amor. Não fui levada tão a sério assim. Amor é reciprocidade/lealdade, isso nem de longe aconteceu. Houve um amor fraternal muito forte, ainda há. Mais nada, além disso. Descobrir que não estava mais apaixonada foi melhor do que descobrir que estava apaixonada, infelizmente. Era uma relação que estava me machucando assaz. Eu queria me libertar daquilo, mas parecia que estar presa àquela situação era um tanto quanto mais prazeroso, ao ponto que eu tinha com o que me ocupar (sentimentalmente, coisa de louco mesmo). Como disse anteriormente aquilo tudo me machucava, e se machucava não podia ser algo saudável; não podia ser algo frutífero. (O ser humano e sua mania neurótico-capitalista de que tudo tem que dar frutos.)
Ele me diz que o ano de 2006 da vida dele foi meu. Mas infelizmente não posso crer que seja verossímil, afinal, se a recíproca não foi verdadeira esse ano não pode ter sido meu.
Felizmente o amor tem favos quentes, e pude prova-los este ano. Foi-me reservadas maravilhas, e eu descobri pessoas divinas. Pessoas essas que souberam chegar de mansinho e dizer “aqui é meu lugar”, e conquistaram mesmo um lugar cativo no meu coração. O meu mal é esperar reciprocidade. Mas não posso mudar, está intrínseco, eu acredito na força da reciprocidade; da lealdade. Para mim são traços fundamentais em um relacionamento. (Lealdade não quer dizer fidelidade). Uma em especial despertou meu lado mais poético.
Em minhas buscas oníricas por reciprocidade descobri que ela pode estar num momento. Como diz meu verso “amei-te com a reciprocidade dum momento”. O “foi bom enquanto durou”, ou “o seja eterno enquanto dure” é muito ruim, mas é algo que há de se aprender a conviver. O problema se dá quando um dos lados quer continuar a ser recíproco, mais uma vez a ferida.
Fui amada, (talvez ainda seja, sei lá), mas como uma voz sábia me disse certa vez: eu prefiro amar que ser amada. Afinal, quando amamos e não somos amados ainda podemos controlar nossos sentimentos, ou ao menos tentar. Mas quando somos amados e não amamos (meu caso neste caso, risos) aí sim fica difícil, pois não posso controlar os sentimentos de ninguém.
FAMÍLIA:
A família esteve bem mais desunida este ano, coisa absurda, pois afinal de contas os fatos tinham que nos levar a união, não a falta dela. Mas aprendi que se tratando de pessoas, distintas, não podemos exigir nenhuma obrigatoriedade.
Meu pai morreu, e eu aprendi muito com isso (por mais clichê que possa parecer). Até parece uma piada de humor negro, chega a ser até sadismo dizer que se aprende com a morte do pai, mas é a mais pura verdade. Eu aprendi como a força é bem mais importante que a saúde, como a superação é prima-irmã da força. Força é tudo meus caros, há de se ter força eternamente ou sucumbirás. Minha mãe me pergunta se eu já esqueci meu pai. Nunca. Tem como esquecer um pai? Não. (Sim, entendo que há controvérsias, mas no meu caso não, por mais brigas, intrigas, tapas que trocamos, eu o amo, isso é fato). Eu o amo sim, no presente. Não amo o corpo. Chorei pouco em seu velório porque o culto ao corpo é uma besteira, o que fica são as idéias. Idéias meus caros, idéias. Só me desesperei porque lembrei de tudo que vivemos, tudo que ficaria; sofri porque não teria mais suas idéias. Mantive a calma porque não podia esperar o mesmo de minha mãe, que via o marido morto no dia se seu aniversário, nem de meu irmão que segurou a barra por todo o tratamento. Posso garantir que a morte é algo que não me amedronta mais. Amedrontaria-me se eu não tivesse com quem compartilhar minhas idéias, meus versos, ensaios, textos, felicidade, amor e etc.
Não dou mais carinho pra quem acha que tem os maiores problemas do mundo, todo mundo tem problemas. É narcisismo às avessas (ou no mínimo ingenuidade) achar que os nossos são maiores que de alguém. Tenho problemas sentimentais, intelectuais (que palavra horrível), psicológicos, filosóficos, poéticos... Mas tem gente que nem tempo para ter esses problemas tem, pois passam fome, sede, frio...
AMIGOS:
Foi um ano bom para aprender a escutar ao invés de falar pelos cotovelos. Descobrir que tenho amigos de verdade mesmo. Recordo-me que no dia em que meu pai morreu, fui avisada na escola, e todas aquelas almas me acariciando, me dando força (viu?).
Devo abrir novo parágrafo para falar de uma alma boa (e que felizmente ou não ainda não descobri nenhum defeito): Léo. Se não fossem as mãos dele junto as minhas naquela noite de terça feira, eu não teria dormido. Leandro junto de mim, meu pai morto, e ele lá, me ajudando. Não há palavras para descreve-lo, eu já disse a ele que “Léo” devia ser adjetivo. Exemplo: Fulano é um Léo de pessoa, não é mesmo?. É claro que teve muita gente me dando força, e não estou os desmerecendo, só que a cena com Léo me marcou, não só pelo momento, mas por tudo que ele já fez por mim.
Descobri o lirismo da amizade; aprendi a recitar poemas com as mãos; vi o quanto pode ser prazeroso andar por Juiz de Fora, de mãos dadas, vendo Fotogênesis de minha xará no Espaço Cultural Bernardo Mascarenhas, ou beber uma boa taça de vinho tinto suave no Fórum da Cultura, até mesmo comer hambúrguer recitando Florbela Espanca. Ana Clara foi um anjo em minha vida. De quebra, e não menos importante veio a bela Isa, Isabela. Um anjo também, negro. A minha poeta soturna. Formamos o quarteto fantástico, ouso dizer que misturando Ana, Isa, Ariene e eu, formar-se-ia uma mulher perfeita. Felizmente somos quatro. E faltou falar da minha ruivinha, a minha neguinha. A mãe mais linda do universo. A amiga onipresente. Maravilhas que o CTU faz, vamos estudar e ainda encontramos um amor pra vida inteira, não é ótimo? Como deve ser difícil encarar uma gravidez com tão pouca idade. (Ah, falando nisso, o plural de “gravidez” é gravidezes, espetacular não é mesmo? Palavras terminadas em “ez” tem plural em “es”. Fantástico.) E eu estou aqui, ansiosa pra ver a cara do meu filho (sim, eu vou ser pai), com vontade de abraça-la. Felizmente o dia está próximo.
Amigos, dádivas.
ESCOLA:
Problemas. Resumindo. Todos os problemas me levaram a ter problemas na escola. Mas passei. Livre do ensino médio. Mas não do PISM.
Medo. Resumindo. Eu quero muito passar nessa tal de UFJF. Dizem que lá é um mundo a parte, onde há gente que canta, gente que dança, gente que freqüenta a Cantina do ICH e eventualmente assiste uma aula.
Menções honrosas para Walter Rossignolli, o Waltinho. Grande professor de português, amigo, até mesmo pai. Desejo-lhe força. (Ta, eu sei que ta um saco essa coisa de “força” e esses meus parênteses infinitos). Deviam fabricar mais Waltinhos, a gente comprava e criava um Walter em casa. Numa coleirinha de versos livres.
EU:
Finalmente chegamos na parte final (ufa!) e para meu deleite na melhor parte da história, EU. Afinal, viver sem mim é monótono. Eu me descobri, ou melhor, estou me descobrindo a cada dia até o ultimo dia de minha vida. Isso é ótimo.
Encarei-me como poeta. Descobri que versos podem ser feitos sem muita técnica, muita rima, muito lesco-lesco. Estive mais sensível, fazendo poesia com o corpo. Passei o ano descobrindo poesia nas ruas, na TV (sim, existe poesia na TV, mesmo que seja no invento), nas pessoas, nas formigas, na natureza, no chuchu com batatinha... Fiz odes imensuráveis, dei o lirismo que tinha e o que não tinha para dedicar poemas à pessoas especiais.
Percebi o quanto sou linda, e de uma inteligência poética fantástica. Sem narcisismos. Eu me amo e sou correspondida. Isso é importantíssimo. Há pessoa que não me merecem. Há pessoas que não merecem ler poesia. Há pessoa que não merecem ter poesias dedicas a elas. Descobri tardiamente. Fazer o que?
Eu quero um 2007 com muita força. Eu quero um 2007 na Federal. Fazendo o curso que eu quero. Estudando, lendo... Comprometendo-me cada vez mais com as causas sociais, da qual sou adepta há alguns anos. Acho que 19, mais ou menos. Visitando meus velhinhos no São Vicente de Paula. Aqueles velhinhos com olhos esperançosos, a espera da família que dificilmente vem. Os meus velhinhos de mãos lisas. Velhinhos quase que só abraços. Velhinhos que tem criado suas famílias com dificuldade (e foram deixados ali por elas, sem muitas dificuldades), e hoje tem medo de chuva.
Anelise gosta de dias chuvosos, lendo um bom livro.
Anelise odeia dias de sol, transpirando.
Como? O homem é apenas um erro de deus? Ou deus apenas um erro do homem? (Nietzsche)
Um comentário:
Nice blog. Thats all.
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