A Tiago Rattes de Andrade
ane(lise) f.
Nas noites frias de Juiz de Fora
Sento-me, e a neblina gela
E penso naquele menino que vela
Por um poetar que embora
Seja feito com tamanha maestria
Ainda é íntegro, ileso, inteiro, completo, perfeito, impoluto...
E tenho um sorriso escuro, como o preto do luto
E uma vontade imensa de me sepultar em qualquer estria
Ele anda ébrio pela rua Santo Antônio
A procura do amor
Ele ama simplesmente, em tal fervor
E libera em doses alopáticas seus hormônios
Pode amar a uma nesse dia
Outra amanhã
Mas amará em febre terçã
A cada uma delas, e a cada uma varia...
Ele anda ébrio pela rua...
Encontra a mulher idolatrada
E tem nela a evolução amada
Toma-a nua...
Ele passeia pelo Campus Universitário
E grita, e luta, “Viva a democracia”
E sua mente nunca se sacia
De um poetar extraordinário
Quando escreve é petardo
E nos olhos uma emoção de juventude subversiva
Nessa manumissão incoerciva
Tem o passado que ele não viveu, marcado!
E é todo concreto
Como a nostalgia de Nelson Rodrigues
Em música ou filme, pedindo que não fustigues
E não pare de sambar a noite inteira, do chão ao teto!
Leve como a pluma
E frio e duro como o gume de uma navalha
Essa é a dualidade do homem na batalha
Caminhando nessas ruas de bruma
Não é tanto frívolo mas incompleto...
Não é tanto dádiva mas sim abandono
Assim vai todo ele em Outono
Assim vai todo ele em afeto
O amor e a raiva
As duas grandes molas que fazem a humanidade viver
E nessa sina sempre a se exceder
Perde-se assim na saraiva!
Quer esse amor seja emotivo,
(Pela visão de umas árvores no meio do nevoeiro
Ou por uma bela música ou o livro primeiro)
Quer esse ódio seja inativo
(E a raiva seja ódio, desprezo, desdém)
Tem nas mãos o samba
No poetar o gingar do bamba
Oh, como tem um poetar que vai além
E se nos parece que na alma mina um estertor,
(Se conhecer pouco, já é adstrito
Se conhecer muito, já é infinito)
Só o que há de concreto é que é todo amor...
Um comentário:
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